Workshop traz subsídios para desenvolvimento de sistemas de alerta centrados nas pessoas 18/07/2023 - 11:52
A necessidade de desenvolver métodos multi e interdisciplinares para a promoção de sistemas de alerta centrados nas pessoas, como forma de aprimorar a prevenção de riscos e desastres no Brasil, foi o tema do workshop "Sistemas de alerta centrados nas pessoas", realizado no dia 30 de junho no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Promovido pelo pesquisador e sociólogo Victor Marchezini, do Cemaden – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o evento teve formato híbrido (presencial e on-line) e contou com a participação de servidores públicos (as), estudantes de pós-graduação, operadores da Defesa Civil e representantes de ONGs vinculadas ao tema.
O workshop trouxe os principais resultados da pesquisa de pós-doutorado desenvolvida por Marchezini, realizada em parceria com pesquisadores (as) do Cemaden/MCTI e do Natural Hazards Center, da Universidade do Colorado- Boulder. A pesquisa teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - Fapesp (processo 2018/06093-4).
Avanços e desafios - Ao apresentar o evento em nome da Direção do Cemaden, a pesquisadora Silvia Saito destacou os avanços obtidos pelo Centro em seus 12 anos de operação, reconhecendo, porém, a necessidade de maior interação com os atores locais. “Hoje, o Cemaden monitora mais de mil municípios de forma ininterrupta, aprimoramos nossa comunicação e contato com as defesas civis e desenvolvemos continuamente a ciência do risco de desastres. Mas diante das vulnerabilidades cada vez mais acentuadas e das ameaças cada vez mais presentes no dia a dia, um sistema de alerta com abordagem inter e multidisciplinar, centrado em pessoas, é imprescindível”, afirmou. “Ouvir esses usuários e incorporar seus conhecimentos é um grande desafio”.
Para Marchezini, é preciso somar esforços para criar possibilidades de aperfeiçoar o sistema por meio de interdisciplinaridades. “Existe uma lacuna de conhecimento nessa área, não só no Brasil, mas no mundo todo”, afirmou. “Há menos de 40 estudos que focam em sistemas de alerta centrados nas pessoas.”
Em sua apresentação, o pesquisador explicou a estrutura de duas diferentes abordagens sobre sistemas de alerta. Na abordagem de fim de linha, as pessoas são envolvidas no final do processo, apenas como receptoras do alerta. Nesse caso, o foco da abordagem está mais na tecnologia e muito pouco nos atores que usufruem dessa tecnologia. Não se sabe se esses receptores irão compreendê-la, ou se vão utilizá-la e de que forma.
Já na abordagem de primeira linha entende-se que, para o aperfeiçoamento do sistema, é necessário ouvir pessoas. “Em 2017, o Cemaden realizou o primeiro seminário nacional de avaliação dos alertas do Centro, com a participação de 20 estados”, lembra Marchezini. “Tivemos também a presença de representantes da Defesa Civil, mas não dos moradores afetados. Em uma nova edição, seria importante chamar as pessoas que estão nas áreas de risco, envolvê-las desde o início, do desenho do que é preciso ter em um alerta, por exemplo.” Ele explicou ainda que a abordagem de primeira linha entende a importância de transformar dados em informação utilizável e considera as vulnerabilidades e capacidades dos diferentes atores, para além do conhecimento científico para a construção de um sistema de alerta.
Após a apresentação, foi realizada a oficina Sistemas de Alerta. A atividade possibilitou levantar subsídios para a continuidade das pesquisas nessa área.
Encerrando o workshop, foi apresentado o Projeto COPE (Capacidades Organizacionais de Preparação para Eventos Extremos), que também tem o apoio da Fapesp e será liderado por Marchezini. O objetivo do Projeto COPE é analisar as capacidades organizacionais de preparação de governos locais e comunidades frente a eventos extremos de tempo e clima para, a partir disso, coproduzir estratégias de fortalecimento da implementação de políticas públicas no tema.
Fonte: Ascom/Cemaden