Projeto Fauna conscientiza veranistas sobre a importância do trabalho voluntário no resgate da fauna oleada. 30/01/2018 - 09:41

O veranista que passa a temporada no litoral do Paraná vai ter até a terça-feira de carnaval (13), para conhecer o Projeto Fauna Brigada Voluntária. As informações são dadas numa barraca montada de quinta a domingo nas areias de Caiobá, em Matinhos. Muitos já passaram por lá para conhecer os objetivos e as ações do projeto que capacita voluntários para atuarem no resgate da fauna em caso de acidentes ambientais no Porto de Paranaguá. Na visita à barraca, os veranistas recebem um kit com squeeze, lixocar e ecobags com a logomarca do projeto, produtos que incentivam hábitos que diminuam a necessidade de explorar a natureza.

O trabalho de conscientização sobre a importância da atuação voluntária da comunidade na preservação dos ecossistemas do litoral paranaense está sendo feito por biólogos e médicos veterinários responsáveis pelas pesquisas realizadas pelo projeto e também, por voluntários e áreas afins que integram o grupo de voluntários.

Patrícia Oliveira da Silva, 25, se formou no final do ano passado em ciências biológicas, na Unespar, no campus de Paranaguá. Ela é de Morretes, mas mora em Antonina. Essa familiaridade com a região litorânea do estado, a fez se interessar pela profissão de biólogo, e em ajudar os animais que podem ser atingidos se houver um vazamento de óleo ou de outra substância perigosa na área do complexo estuarino da Baía de Paranaguá. A jovem fez o curso de capacitação para ser uma voluntária no processo de despetrolização da fauna oleada, na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA). “Só durante o curso é que entendi tudo o que acontece se houver um desastre ambiental”. Ela gostou tanto do aprendizado que pediu para participar das atividades na areia da praia. “A gente não fica torcendo para que um derramamento ocorra, mas temos que estar preparados para saber o que fazer na hora, e com a rapidez necessária”, analisa.

Brigada Voluntária

Outra voluntária do projeto Fauna Paraná é a Alaina Maria Correia, 22, que está no quarto ano de medicina veterinária, na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Ela fez o curso de qualificação em dezembro do ano passado, na sede do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED/PR), em Curitiba. Em férias, desce a serra para ajudar a divulgar o projeto. “Por ser gratuito, não pensei que oferecesse um material tão farto e um conteúdo tão interessante”, elogia. Ainda segundo Alaina, “essa iniciativa de qualificar pessoas para salvar animais vítimas de desastres ambientais, é muito boa. Estou tentando convencer o meu pai, que é guarda-municipal, a também fazer parte da brigada voluntária do projeto para que, se algo acontecer, nós trabalhemos juntos”.

O projeto faz parte de um convênio técnico-científico e operacional entre a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná (Funespar), e conta com o apoio do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED/PR). O projeto, implantado há quatro anos, é inédito e pioneiro no Brasil.

A médica veterinária Letícia Koproski – doutora em Conservação da Natureza pela UFPR - montou no litoral uma exposição fotográfica da fauna que frequenta a Baía de Paranaguá, como os golfinhos, as lontras, lobos-marinhos, e as aves fragata, atobá, e biguá. Segundo ela, as aves não percebem a gravidade da contaminação do mar e mergulham para pescar o seu alimento. É quando se intoxicam. “Eles têm que ser atendidos o mais rápido possível. E antes da lavagem, é preciso estabilizar as funções vitais como respiração e a temperatura do animal. Se ele estiver muito debilitado, pode não aguentar a lavagem, e ir a óbito”, afirma. Sobre a brigada voluntária, Koproski diz que “quanto mais pessoas estiverem preparadas para ajudar num desastre ambiental, menor vai ser o impacto negativo da ocorrência”.

CURSOS DE CAPACITAÇÃO

Durante todo o ano passado, foram realizados cursos de capacitação de acadêmicos e da comunidade litorânea para o resgate de animais atingidos pelo derramamento de óleo e produtos químicos perigosos, assim como a despetrolização da fauna oleada. O surfista, professor de educação física e lutador de MMA Alex Sandri, mais conhecido por Alex Coruja, é um dos que pretendem se inscrever num dos 04 cursos de capacitação para atuar como voluntário do projeto Fauna Paraná. Nascido em Paranaguá, criado na Praia de Leste, ele diz que se sente em casa em qualquer lugar do litoral paranaense. “Tenho um zelo muito grande, não só pelas pessoas, como também pelo mar e por quem habita nele”, garante. Ele diz que viu no projeto, uma forma de ajudar e proteger o litoral e sua população. “Depois de fazer o curso, quero estar sempre à disposição”. A APPA já pode contar com mais de 100 brigadistas voluntários.

O grupo se dispõe a trabalhar em um regime permanente de prontidão e revezamento, com rápida mobilização em caso de emergências. Eles vão utilizar como base o Centro de Proteção Ambiental das Baías de Paranaguá e Antonina – o primeiro do Brasil localizado em um porto público e que integra atendimentos a emergências ambientais envolvendo derramamentos químicos e de óleo, com o atendimento à fauna petrolizada.

Integram a equipe de pesquisadores, os biólogos Danyelle Stringari – doutora em Genética pela UFPR – e Tom Grando - mestre em Zoologia -, o médico veterinário Paulo Rogério Mangini – doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR –, a médica veterinária Thali Leal Sampaio – mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC – e Letícia Koproski – médica veterinária e doutora em Conservação da Natureza pela UFPR.

Os cursos são ministrados pela Funespar e pelo CEDEP/PR, instituição ligada à Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil e à Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

"O objetivo é suscitar o voluntariado na população do nosso litoral e mostrar para a comunidade como é importante todos estarem unidos num bem único. Se conseguirmos capacitar e treinar o pessoal e trazer para a nossa brigada voluntária, todos estaremos contribuindo e reduzindo o risco de acidentes ambientes no litoral do estado", explicou Danyelle Stringari, coordenadora geral do projeto na Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná (Funespar).

Maiores informação podem ser obtidas nosso site

http://www.ceped.pr.gov.br/

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