Moradores de Antonina se preparam para enfrentar desastres naturais 16/11/2011 - 08:30

A chuva já não assusta tanto os moradores dos bairros Portinho e Graciosa, em Antonina, litoral do Estado, que viram as ruas se transformarem em rios lamacentos, em março. Parte deles, cerca de 360 membros de 99 famílias, participaram do treinamento promovido pela Coordenação Estadual Defesa Civil, na tarde de sábado (12), para procedimentos de evacuação no caso de nova ameaça de desmoronamento de encosta e enchente.
O “exercício simulado de abandono emergencial” reuniu cerca de uma dezena de órgãos ligados ao monitoramento e prevenção de catástrofes e atendimento a desabrigados. “Esse treinamento contou com equipes de observadores para identificar pontos que podem ser melhorados, para tonar a evacuação real mais eficiente”, afirmou o major o chefe da Defesa Civil do Paraná, major Antonio Hiller.
Ao terceiro toque da sirene, os moradores deixaram suas casas e foram encaminhados para uma área segura para o cadastramento e, só então, seguir para o abrigo. A Escola Estadual Gil Seres serviu de morada provisória para os “desabrigados” e contava com espaço de lazer para as crianças. No final, cada família recebeu uma cesta básica. O comandante do Corpo de Bombeiros, Hércules William Donadello, acompanhou o simulado. “Com treinamento a gente pode proteger a população sujeita a esses eventos da natureza”.
SEGURANÇA – O exercício começou às 14h e durou cerca de quatro horas. João Batista, 59 anos, trabalha na construção civil e viu casas serem arrastadas do outro lado do bairro, nas enxurradas de março. “Tem que ficar preparado. A gente já está atento ao que deve ou não fazer. Diminuiu um pouco o medo”, disse Batista. “Na outra vez, em março, tivemos que sair correndo. A rua estava alagada com lama até o joelho, sair às pressas foi difícil”, relatou a dona de casa Jacira Dias Raimundo, 52 anos.
Cerca de 60 pessoas participam da organização do exercício, entre as quais líderes comunitários dos dois bairros, onde residem aproximadamente 400 famílias. Funcionários da prefeitura foram voluntários para cadastrar as “vítimas”. O simulado é uma das dez fases do exercício, que iniciou partindo da hipótese da ocorrência de um evento desastroso, passou pela elaboração de um plano específico, definição e distribuição de funções, cadastramento da população envolvida e divulgação do plano.
A prevenção a consequências trágicas de desastres naturais é uma das preocupações da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional. Rafael Schadeck, diretor do Departamento de Minimização de Desastres, disse que ações como a desenvolvida em Antonina devem se intensificar no ano que vem. Exercícios semelhantes foram feitos em maio, no Nordeste. Essa atividade precede a temporada de chuvas de cada região. “O município deve ser fortalecido, pois é ele que lida com o problema diariamente. O programa busca incentivar o município e estado a trabalharem em suas realidades, respeitando características de cada comunidade”.
INTEGRAÇÃO – A simulação também envolveu agentes da Defesa Civil municipal, Marinha, Simepar, AguasParaná, Mineropar, Secretaria da Infraestrutura e Logística, Secretaria de Estado da Comunicação Social, Casa Militar, Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Prefeitura, entre outros órgãos, além de voluntários da Rede Estadual de Emergência de Radioamadores. “A simulação serve não só para que os moradores das áreas de risco saibam o que fazer em caso de desastres, mas também para capacitá-los a atuar de forma preventiva, consolidando procedimentos permanentes de monitoramento, alerta e alarme”, afirmou Hiller.
Uma das partes importantes do planejamento é a previsão do tempo. Flávio Deppe, pesquisador do Simepar, informou que serão instalados 22 novos pontos de coleta de informação, como precipitação de chuvas e temperatura. Esses dados são transmitidos em tempo real para o Simepar que consegue avisar a Defesa Civil de probabilidade de temporais, por exemplo.

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