Estados do Sul vão criar rede de prevenção de desastres naturais 18/12/2013 - 10:03

Os estados da Região Sul vão formar a Climasul – Rede Sul-Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas e Prevenção aos Desastres Naturais. Os órgãos de meteorologia do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul aprovaram, junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a destinação R$ 8 milhões a fundo perdido para criação da rede. 

Apresentado pelo Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) em conjunto com o Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Ciram/Epagri) e Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (Fepagro), o projeto contempla a aquisição de equipamentos (hardware) e sistemas (softwares), capacitação de profissionais e transferência tecnológica com foco em monitoramento ambiental, previsões, estudos e pesquisas sobre mudanças climáticas e desastres naturais. 

“A atuação integrada e cooperativa entre os três estados possibilitará intercâmbio de dados, informações, resultados, previsões e soluções em meteorologia”, observa o diretor-adjunto do Simepar, Cesar Beneti. 

As estruturas existentes serão recuperadas, ampliadas e modernizadas, entre as quais sensores de detecção de raios, estações meteorológicas de superfície e radares, sistemas de integração, visualização e armazenamento de dados. Equipamentos oceanográficos, ondógrafos, correntógrafos, marégrafos e de geotecnologia serão adquiridos, juntamente com sistemas de alto desempenho para previsão de chuvas (cluster para modelagem). 

COMUNICAÇÃO - Sistema de videoconferência será instalado para comunicação entre meteorologistas e pesquisadores em tempo real, interligando os centros operacionais dos três Estados e os órgãos federais (Instituto Nacional de Meteorologia/Inmet, Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inmet-Inpe e Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha/DHN), além de instituições de ensino e pesquisa. Para proporcionar amplo acesso aos dados e informações, será aberto um portal na internet com todos os produtos gerados pela rede. 

“O projeto realça o reconhecimento das agências de ciência e tecnologia do país da capacidade técnica alcançada pelas instituições meteorológicas do sul do Brasil, tanto para o monitoramento e previsão de desastres naturais, quanto para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas em tempo e clima”, disse o diretor do Simepar, Eduardo Alvim Leite. 

VULNERABILIDADE – Outro objetivo da Rede Climasul é promover estudos sobre vulnerabilidades aos eventos extremos e efeitos das mudanças climáticas em atividades econômicas da Região Sul de modo a mitigar os danos provocados por enchentes, estiagens e geadas, entre outros eventos climáticos. A Rede Climasul aperfeiçoará a metodologia de identificação e mapeamento de áreas de risco suscetíveis a deslizamentos, enchentes e inundações, gerando benefícios à sociedade por meio de convênios com a defesa civil dos Estados, secretarias de agricultura, cooperativas, prefeituras municipais e outros agentes tomadores de decisão. 

“A expectativa do Simepar é que o trabalho conjunto possibilite um avanço no entendimento dos processos físicos relacionados a eventos extremos, aperfeiçoando a representação desses processos nos modelos atmosféricos e melhorando a qualidade e a confiabilidade da previsão do tempo com alta resolução espacial”, afirma o pesquisador do Simepar, Flavio Deppe. 

ESFORÇO – Os recursos da Finep para a Rede Climasul somam-se ao conjunto de iniciativas do Governo do Paraná para viabilizar a mais moderna infraestrutura de monitoramento e previsão hidrometeorológica do país, com investimentos de quase R$ 34 milhões nos próximos três anos. 

Em 2014, novo radar meteorológico deve iniciar sua operação em Cascavel ao custo de R$ 10 milhões. Até julho a rede de estações hidrometeorológicas do litoral será expandida com investimentos de R$ 550 mil. Ambos os projetos são viabilizados com recursos do Fundo Paraná da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do próprio Simepar. 

Para 2015, também estão programados investimentos de R$ 7,3 milhões para expansão da rede hidrometeorológica dos municípios paranaenses e mais R$ 16 milhões do Programa de Fortalecimento e Gestão de Riscos e Desastres da Secretaria do Meio Ambiente, para implantação de equipamentos meteorológicos no Litoral, entre os quais um radar, estações hidrometeorológicas críticas, sistema computacional de alto desempenho e estudos de vulnerabilidades. 

HISTÓRICO – Desde a década de 70, o Sul do Brasil tem sido impactado por eventos climáticos extremos e desastres naturais, com grandes prejuízos sociais e econômicos, além de vítimas fatais. 

Em sua maioria, os desastres estão associados à instabilidade severa do tempo e do clima, que causa inundações, deslizamentos, vendavais, tornados, chuvas de granizo e estiagem. A ocorrência de eventos severos impacta diversos setores, como habitação, abastecimento de água, agricultura, saúde, trânsito, meio ambiente, qualidade do ar, turismo, lazer, geração, transmissão e fornecimento de energia, entre outros. 

O 5.º Relatório do Painel Intragovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado em setembro deste ano em Estocolmo (Suécia) indica que o aquecimento é preocupante na maior parte do planeta. A 19.ª Conferência da Convenção do Clima da ONU, realizada este ano em Varsóvia (Polônia), apontou a necessidade de ações concretas nos países mais atingidos pelo aquecimento global. No Brasil, especialistas estimam que a temperatura aumentará cinco graus até 2100.