Cemaden participa de pesquisa sobre riscos e impactos de secas e cheias extremas na Amazônia junto às comunidades tradicionais 19/12/2017 - 16:35

Conhecer as práticas locais das comunidades tradicionais para entender os riscos e impactos de secas e cheias extremas na Amazônia foram os focos de pesquisadoras do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – instituições do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – ao participarem , no final de novembro, da 20ª reunião do Conselho da Floresta Nacional de Tefé (FLONA Tefé), no estado do Amazonas, juntamente com representantes das 13 das 93 comunidades tradicionais que vivem na área de conservação.

Organizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente, a reunião teve o objetivo de apresentar os resultados da avaliação entre o Programa Bolsa Verde e a dinâmica do desmatamento e queimadas na região. Esse programa efetua transferência de renda às famílias que vivem em áreas de relevância para a conservação ambiental, como incentivo às comunidades para que continuem usando, de forma sustentável, os territórios onde vivem.

“Usamos a metodologia de entrevistas realizadas junto a representantes de 13 comunidades da FLONA Tefé, para identificar a visão, o uso e os impactos do recebimento do Bolsa Verde.”, afirma a pesquisadora do Cemaden, Liana O. Anderson, que desenvolve pesquisa sobre incêndios e desmatamento florestais, além de estudos sobre a vulnerabilidade socioambiental a riscos de secas e cheias extremas na Amazônia. “ Precisamos entender as dinâmicas, necessidades e vulnerabilidades das comunidades para identificar os impactos e consequências das secas extremas, assim como identificar estratégias de mitigação para o uso do fogo por estas comunidades. .”, complementa a pesquisadora.

A pesquisadora do Inpe, Ana Carolina Pessôa, explica que entender a dinâmica local de mudança da cobertura do solo pode, também, auxiliar na interpretação de resultados de pesquisas em escala maior, como estudo de caso para avaliações mais abrangentes na Amazônia Legal.

O analista ambiental do ICMBio, Rafael Rossato, destacou a importância das análises e parcerias do Cemaden e do Inpe, para a gestão da Unidade de Conservação, referentes à avaliação do zoneamento e da aplicação das normas do Plano de Manejo, permitindo definir estratégias e prioridades para a gestão.

Secas extremas e aumento do foco de calor

A FLONA de Tefé está localizada, aproximadamente, a 600 km a oeste de Manaus, com cerca de 5 mil residentes distribuídos em 93 comunidades. A principal prática é a agricultura de subsistência e a maior fonte de renda é a venda da farinha de mandioca. A produção é feita em roças localizadas na Zona Populacional e na Zona de Amortecimento, segundo o Plano de Manejo da FLONA, publicado em 2016.

“O desmatamento de florestas primárias na FLONA não é um grande problema. Os picos foram detectados em 2008, 2010 e 2014, não excedendo 14km2.”, explica a pesquisadora do Cemaden Liana Anderson e complementa : “É interessante notar que, desde 2010, não foi detectado desmatamento na Zona de Preservação, mas, somente na zona de Amortecimento e Populacional, em que tais atividades são permitidas de forma controlada.”

No entanto, a pesquisadora ressalta que nos anos de secas extremas (2010, 2015 e 2016) houve picos de detecção de focos de calor, sugerindo alguma vulnerabilidade da região a secas extremas. “Nota-se também o aumento progressivo do número de focos de calor entre 2013 e 2015. A continuação desta pesquisa pretende entender melhor as causas e consequências deste aumento.”, enfatiza a pesquisadora do Cemaden.

As pesquisadoras do Cemaden e do Inpe participam do projeto de pesquisa internacional em andamento (Tropical Deforestation and Economic Development), em parceria com a Norwegian School of Economics(NHH) https://www.nhh.no/en/research-centres/tropical-deforestation/>.

Nas próximas etapas do projeto, as pesquisadoras, em parceria com o ICMBio farão as análises mais profundas sobre as dinâmicas da FLONA de Tefé. Os resultados deverão ser apresentados para as comunidades na próxima reunião do Conselho, prevista para ocorrer em março de 2018.

(Fonte : Ascom-Cemaden)

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